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Pico dos Marins: como se preparar para o desafio

Nos últimos anos, o Pico dos Marins ganhou notoriedade nacional, não apenas por sua beleza natural, mas também por um episódio que tomou conta das redes sociais.

Em 2022, o coach Pablo Marçal levou um grupo despreparado para a trilha, em plena tempestade, e precisou ser resgatado pelo Corpo de Bombeiros. Desde então, o nome “Pico dos Marins” passou a circular com força na mídia, despertando curiosidade e atraindo ainda mais aventureiros, assim como nós, para a montanha.

Por isso, ao planejar essa aventura, decidimos unir responsabilidade com diversão.

Convidamos um casal de amigos, traçamos um roteiro seguro e seguimos com o espírito leve, mas sempre com os pés firmes no chão (ou nas pedras).

A seguir, compartilhamos tudo sobre essa experiência inesquecível e o que você precisa saber antes de se lançar nessa jornada rumo ao topo.

Onde está localizado o Pico dos Marins

Pico dos Marins_paisagem

Localizado na divisa entre São Paulo e Minas Gerais, o Pico dos Marins integra a belíssima Serra da Mantiqueira.

Com 2.421 metros de altitude, é considerado um dos pontos mais altos do estado de São Paulo e oferece uma das vistas mais espetaculares do Brasil.

No entanto, embora encantador, o trajeto exige preparo físico, atenção aos detalhes e respeito pelas condições climáticas.

Por que “Pico dos Marins”

O nome “Pico dos Marins” tem origem curiosa e remete ao passado da região.

Conta-se que, no século XIX, um grupo de militares da Marinha subiu a montanha durante uma missão de reconhecimento. Desde então, o local passou a ser conhecido como o “pico dos marinheiros”, que mais tarde foi encurtado para “Pico dos Marins”.

Por isso, embora esteja longe do mar, a montanha carrega essa referência náutica.

Além disso, o nome permaneceu por gerações, reforçando o vínculo histórico. Hoje, ao visitar o pico, além da aventura, você também se conecta com um pedaço da nossa história.

Dando Start na viagem

Quando planejamos ir para os Marins com um casal de amigos, já tínhamos ouvido falar que a trilha não seria muito fácil, pois a região é conhecida pelas suas belas paisagens e desafios para quem gosta de aventura.

Nosso amigo Maurício reservou a Pousada das Flores, em Marmelópolis, uma pequena cidade com cerca de 3,5 mil habitantes.

Como a distância até Santos é de aproximadamente 4 horas, vale a pena sair na sexta-feira para aproveitar também as cachoeiras acessíveis na região, além de realizar a trilha.

Algumas dicas importantes para compartilhar

Pico dos Marins_descidaA primeira dica é configurar o Waze para não permitir estradas não pavimentadas ou escolher a rota por Delfim, para evitar trechos de terra.

A melhor época para visitar o Pico dos Marins é no inverno, pois há menos chuvas, com o solo molhado, a trilha se torna escorregadia e, em alguns trechos, quase impossível.

Antes de ir, consulte a previsão do tempo e leve blusas de segunda pele para usar sob o casaco. Prefira mochilas com cinto abdominal, pois, ao escalar as pedras, a mochila pode se deslocar para os lados e atrapalhar.

Leve mais água do que comida, recomendamos de 2 a 3 litros por pessoa. No nosso caso, sentimos mais sede do que fome.

A cada 2 ou 3 horas, é bom colocar uma fruta seca na boca para manter a energia. Castanhas e frutas secas são ótimas opções, pois ocupam pouco espaço e são práticas.

Gostamos de levar também whey protein.

O que você deve usar?

Pico dos Marins_CasalCompre sapatos apropriados para caminhada, pois as pedras escorregam, e os calçados específicos para trilha oferecem mais aderência. Na volta, bons sapatos farão toda a diferença.

Não gosto de usar bastões de apoio, mas vi pessoas que os utilizam com muita destreza.

Eu prefiro usar luvas com material aderente na palma para segurar melhor nas pedras. Brincamos que ativamos o “modo aranha”, já que nos apoiávamos com mãos e pés.

Usei luvas de ginástica, mas se você tiver luvas que cubram os dedos, será ainda melhor.

Usei uma calça de segunda pele, mas como, durante a caminhada, você sente calor, não achei necessário.

Sobre onde ficar no Pico dos Marins

O Sr. Aécio, da Pousada das Flores, está acostumado com hóspedes que saem cedo e, por isso, serve um bom café da manhã a partir das 6h.

De Marmelópolis até o início da trilha são cerca de 30 minutos de carro.

Por volta das 8h começamos a trilha, com um sol lindo.

Passe protetor solar e leve para reaplicar, o frio engana, e você pode acabar queimado. Achei surpreendente ver como muitas pessoas preferem levar mochilas grandes para acampar no topo, em vez de subir e descer no mesmo dia.

Tentei carregar uma mochila de 20 quilos e não achei nada fácil!

Começando a trilha

Nosso amigo usou o aplicativo Wikiloc, que permite baixar e seguir a trilha.

Ele emite alertas caso você se desvie do caminho. Se você não tem experiência, recomendo fortemente contratar um guia. Às vezes, a trilha não está bem definida porque o mato cresce por cima.

Em alguns pontos, há flechas e pegadas nas pedras para ajudar, mas é necessário estar atento.

As áreas são divididas em zonas, sinalizadas com placas nas pedras. Caso precise de ajuda, mencione a placa mais próxima (por exemplo, Z5) para facilitar o resgate.

A subida é de mais de 1.000 metros.

Nos dois primeiros terços do percurso, o trajeto é tranquilo. No terço final, a inclinação e o número de pedras aumentam.

Muitas vezes, o Luís me ajudou me dando a mão, se não fosse por ele, não sei se teria conseguido. Tenho 1,54m, e minhas pernas, por vezes, não alcançavam as pedras de apoio, digo que foi desafiador…

A beleza do Pico dos Marins

Durante o caminho, conseguimos ver as montanhas de pedra e nuvens abaixo delas.

Também apreciamos a delicadeza das flores típicas da região. Não vimos animais, apenas alguns pássaros. O mato alto roçava nos braços e pernas, mas, diferentemente de outras trilhas, não causava coceira.

Em trechos dentro do mato, é preciso cuidado com plantas e pedras que podem causar tropeços. Há poucos pontos com passagem de água.

Se eu estivesse com mochila de acampamento, teria certamente escorregado.

Pico dos Marins_CadernoDo topo, fizemos imagens com o drone, que captaram bem a grandiosidade do lugar. Assinamos o livro e ficamos cerca de uma hora admirando a paisagem.

Já havia várias barracas instaladas por pessoas que passariam a noite e desceriam no dia seguinte. A vista é incrível! Dá para ver o Vale do Paraíba.

Apesar da altitude de 2.421 metros, não sentimos mal-estar. A natureza molda as pedras em formas interessantes e harmônicas.

Hora de descer

A descida é mais desgastante para os pés, pois exige mais freio.

Ativamos o “modo aranha” tantas vezes que a mochila do Luís acabou rasgando o bolso da frente. Se você tem amor incondicional por alguma mochila, não a leve nessa trilha. O equilíbrio diminui com o cansaço, cuidado ao pisar em pedras irregulares e ao pular; veja antes se o chão é firme para evitar torções.

Outro lembrete importante: não deixe lixo na trilha! Seus filhos e netos podem querer utilizá-la um dia, e preservar a natureza é responsabilidade de todos nós.

Após um booooom banho, descobrimos que em Marmelópolis não tem muitas opções para jantar, mas há uma hamburgueria de carne artesanal, a Brutus Burger, da sobrinha do Sr. Aécio (parece que todos por lá são parentes!).

Nossas considerações sobre a trilha do Pico dos Marins

Pico dos Marins_NuvemChegar ao topo do Pico dos Marins foi, sem dúvida, uma das experiências mais desafiadoras e recompensadoras que já vivemos.

Embora a trilha exija preparo físico, atenção e respeito aos limites, ela oferece, em troca, um cenário de tirar o fôlego e uma sensação única de superação. Por isso, se você gosta de natureza, aventura e silêncio que acalma, esse destino precisa entrar na sua lista.

Além disso, o trajeto nos ensinou muito sobre planejamento e trabalho em equipe. Desde a escolha do equipamento até como lidamos com os obstáculos do caminho, tudo influenciou diretamente no sucesso da caminhada.

Outro ponto importante é entender que o Pico dos Marins não é uma trilha qualquer, ele exige responsabilidade. Portanto, respeitar a natureza, seguir as sinalizações, checar a previsão do tempo e, se necessário, contratar um guia são atitudes fundamentais para sua segurança.

Enfim, voltamos para casa com as pernas cansadas, mas o coração leve e cheio de gratidão. A beleza da Mantiqueira, a força das pedras e o silêncio das alturas nos fizeram desacelerar, respirar fundo e viver o presente.

Se estiver preparado, vá. Mas vá com consciência, respeito e a alma aberta para tudo o que o caminho pode ensinar.

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